segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O Segredo do Universo

Mega Man 10 é picaretagem.

Quem teve a paciência de acompanhar esse humilde recinto ou mesmo de vasculhar nos seus arquivos sabe que sou uma pessoa azeda, mau humorada, sem graça e meio do contra. O último só por diversão. Sabe também que eu gosto dos jogos bons. Dos ruins também, mas prioritariamente dos bons.

E eu adoro Mega Man. Na verdade é uma das minhas séries favoritas junto com Castlevania.

Porque picaretagem, então, se vão reviver (de novo) uma série tão boa de jogos tão bons do jeitinho que a gente lembrava e amava? Pois é, essa última coisinha aí é que é o meu problema. Eu não quero as coisas que eu gosto do jeito que eu gostava quando as conheci. Pelo menos não mais. Para isso tivemos Mega Man 9, pro qual eu já dei uma bela torcida de nariz como vossas senhorias podem averiguar aqui mas que, pensando em retrospecto, é até algo passável. Justificável, até.

Mas fazer duas vezes a mesma coisa? Aí não. Encontro-me de boa. Eu não vou nem discutir a inclusão de um Sheep Man, um Homem-Ovelha-Robô na história, que talvez seja a melhor ideia que tenham tido nesse negócio todo. Só que lançar o segundo Mega Man 2D 8-bits nesse estilo primeiro que me cheira à preguiça ("rehash" como disse meu bom amigo Takeshi "DFF" Oyama"). Segundo que me cheira a retrocesso.

Eu francamente não sei se o melhor caminho para a já bem falia franquia do heroizinho azul é se manter nas aventuras 2D. Mas sei não se renova nada ficando preso ao passado. E sei que o futuro podia ter sido Battle Network, mas não foi. Sei também que, infelizmente, o pai Keiji Inafune hoje em dia não dá duas merdas para o que acontece com série.

Mega Man Legend 3? Duvido. Só mencionaram porque sabem que nunca vão fazer.

O risco de inovar existe. Ele sempre existe. E é capaz que, como o próprio Takeshi falou, perderem mais fãs antigos do que conquistarem novos, caso fossem apostar em algo realmente novo. Prefiro, porém, que meu herói morra com alguma dignidade do que continue vivendo na mediocridade.

Mas é claro que a minha opinião não vale picas.

Fernando Mucioli, Mestre Robô

domingo, 6 de dezembro de 2009

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Creio, portanto, que os rumores sobre minha morte foram levemente exagerados.

O que aconteceu, então? Primeiro, o Japão aconteceu. Quando fui lá pra além-mar, planejei blogar um diário de viagem. Não deu certo. Em partes porque a combinação de trabalho com febre de 40 graus foi algo próximo de excruciante. Em outras, também.

Depois porque houve complicações acadêmicas. Findas, como estão, posso voltar a atualizar essa pocilga como deveria.

Mas, veja, não estamos aqui para ouvir desculpas e sim para ler qualquer coisa sobre esses joguinhos. Aqueles que ensinam a gente a bater em travestis, prostitutas e comer frango assado direto do lixo.

Que se ouça em todo reino, pois, que terminei - faz um tempinho aí - Modern Warfare 2. O jogo de fazer polêmica da vez. Aquele que tem a fase no aeroporto na qual você está numa turma de terroristas que mete bala em centenas de civis num aeroporto.

Antes de mais nada, um parabéns pra Infinity Ward. Quando vi o vídeo dessa sequência pela primeira vez fiquei imaginando que os caras lá tem bagos do tamanho da galáxia e que deve ter sido uma pequena luta convencer os executivos da Activision a apostar numa coisa tão controversa enquanto contavam suas intermináveis notas de cem dólares. Parabéns pra Infinity Ward.

Depois de mais nada, eu queria dizer que, talvez, "No Russian" seja o de menos no contexto do jogo todo. Claro, é marcante e, claro, faz a diferença. Mas depois de ter salvo o mundo de novo (e quanto a isso há controvérsias), não consigo deixar de pensar que o novo Call of Duty é um dos poucos jogos que faz o que os novos videogames deveriam estar fazendo: criar uma experiência que tire a barreira entre jogo e jogador.

O melhor de tudo? Com uma história que não vale nem o papel no qual ela foi escrita - Mais uma pra reforçar aquela minha discussão antiga. É um exemplo de execução infinitamente melhor do que a concepção. Sem dar muito spoiler aqui, cito apenas o momento Mirror's Edge na favela e a última sequência do jogo, que se não é mais incrível do que os momentos finais do primeiro Modern Warfare, é tanto quanto.

É isso que tá em falta hoje em dia. Jogos que:
1) Façam que você se importe com o que está fazendo
2) Façam com que você se sinta como se estivesse na pele do infeliz que está controlando e/ou;
3) Façam com que você se divirta de monte, com ideias simples, divertidas e inesperadas.

Um exemplo que descobri recentemente é o Continuity, joguinho em flash mais coisinha linda de deus dos últimos tempos. Setas e barra de espaço é só o que você precisa.


Os minutos finais de MW2 são um exemplo perfeito para exemplificar o Item 2, e eu recomendo fortemente que se jogue - jogue, não assista - a história até o final para entender o que eu estou falando. São momentos que só são animais porque você está com o controle na mão e uma das raros casos em que não se dá a mínima se já é hora de apertar o botão de novo. A testa fica franzida e os dedos não param. Nada mais importa, depois de tanto trabalho, a não ser fazer aquela-coisa-que-eu-não-posso-dizer-o-que-é.

A ausência desses três fatores (juntos ou isolados) tem me deixado um tanto quanto desanimado com meus joguinhos eletrônicos. Claro, tem alguns divertidos mesmo assim. Mas existe tanto espaço e potencial subaproveitado pra explodir a cabeça da negada que eu fico até meio triste.

Último dado rápido, porém relevante sobre o jogo: só diz que a campanha é curta quem joga no Easy, e só reclama que a campanha é curta quem não terminou. É uma viagem daquelas.

Fernando Mucioli ainda está aquecendo.