domingo, 6 de dezembro de 2009

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Creio, portanto, que os rumores sobre minha morte foram levemente exagerados.

O que aconteceu, então? Primeiro, o Japão aconteceu. Quando fui lá pra além-mar, planejei blogar um diário de viagem. Não deu certo. Em partes porque a combinação de trabalho com febre de 40 graus foi algo próximo de excruciante. Em outras, também.

Depois porque houve complicações acadêmicas. Findas, como estão, posso voltar a atualizar essa pocilga como deveria.

Mas, veja, não estamos aqui para ouvir desculpas e sim para ler qualquer coisa sobre esses joguinhos. Aqueles que ensinam a gente a bater em travestis, prostitutas e comer frango assado direto do lixo.

Que se ouça em todo reino, pois, que terminei - faz um tempinho aí - Modern Warfare 2. O jogo de fazer polêmica da vez. Aquele que tem a fase no aeroporto na qual você está numa turma de terroristas que mete bala em centenas de civis num aeroporto.

Antes de mais nada, um parabéns pra Infinity Ward. Quando vi o vídeo dessa sequência pela primeira vez fiquei imaginando que os caras lá tem bagos do tamanho da galáxia e que deve ter sido uma pequena luta convencer os executivos da Activision a apostar numa coisa tão controversa enquanto contavam suas intermináveis notas de cem dólares. Parabéns pra Infinity Ward.

Depois de mais nada, eu queria dizer que, talvez, "No Russian" seja o de menos no contexto do jogo todo. Claro, é marcante e, claro, faz a diferença. Mas depois de ter salvo o mundo de novo (e quanto a isso há controvérsias), não consigo deixar de pensar que o novo Call of Duty é um dos poucos jogos que faz o que os novos videogames deveriam estar fazendo: criar uma experiência que tire a barreira entre jogo e jogador.

O melhor de tudo? Com uma história que não vale nem o papel no qual ela foi escrita - Mais uma pra reforçar aquela minha discussão antiga. É um exemplo de execução infinitamente melhor do que a concepção. Sem dar muito spoiler aqui, cito apenas o momento Mirror's Edge na favela e a última sequência do jogo, que se não é mais incrível do que os momentos finais do primeiro Modern Warfare, é tanto quanto.

É isso que tá em falta hoje em dia. Jogos que:
1) Façam que você se importe com o que está fazendo
2) Façam com que você se sinta como se estivesse na pele do infeliz que está controlando e/ou;
3) Façam com que você se divirta de monte, com ideias simples, divertidas e inesperadas.

Um exemplo que descobri recentemente é o Continuity, joguinho em flash mais coisinha linda de deus dos últimos tempos. Setas e barra de espaço é só o que você precisa.


Os minutos finais de MW2 são um exemplo perfeito para exemplificar o Item 2, e eu recomendo fortemente que se jogue - jogue, não assista - a história até o final para entender o que eu estou falando. São momentos que só são animais porque você está com o controle na mão e uma das raros casos em que não se dá a mínima se já é hora de apertar o botão de novo. A testa fica franzida e os dedos não param. Nada mais importa, depois de tanto trabalho, a não ser fazer aquela-coisa-que-eu-não-posso-dizer-o-que-é.

A ausência desses três fatores (juntos ou isolados) tem me deixado um tanto quanto desanimado com meus joguinhos eletrônicos. Claro, tem alguns divertidos mesmo assim. Mas existe tanto espaço e potencial subaproveitado pra explodir a cabeça da negada que eu fico até meio triste.

Último dado rápido, porém relevante sobre o jogo: só diz que a campanha é curta quem joga no Easy, e só reclama que a campanha é curta quem não terminou. É uma viagem daquelas.

Fernando Mucioli ainda está aquecendo.

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